sexta-feira, 25 de junho de 2010

filmes brasileiros

Tenho visto muitos filmes brasileiros, sempre com uma curiosidade grande. Há, sem dúvida, uma questão de gerações em nosso cinema. Em meu filme "Rua seis, sem número", tentei retratar um mundo sem ilusões: o personagem, incomodado com o mundo como está, extremamente insatisfeito,- mas ha essa altura (2001) sem a alternativa da utopia social-, se deliga do mundo real e tenta, não mudar o mundo, mas mudar sua própria história de vida, criando um passado para si próprio. O belo escritor português Agualusa escreveu, dois ou três anos depois, o livro "O vendedor de passados", com idéia bem semelhante. Pois bem, o que tenho visto em muitos filmes é o desencanto, a falta de sentido das vidas: personagens que perambulam, lutam por pequenas coisas, passam um sofrimento tristonho e silencioso. Não há lugar para eles no mundo. Ou o lugar a que podem almejar é irrisório. Sobre o belíssimo "Viajo por que preciso..." eu disse à Revista de Cinema que é claro ali: "na solidão, o que está fora de nós é paisagem". Há uma crise da intelectualidade, dos artistas, talvez uma crise de classe, como nos velhos tempos:numa sociedade emergente como a brasileira, qual nosso papel?- o que as classes emergentes enxergam em nós?- na verdade eestamos fora desse processo e sendo substituidos pela idéia das Casas Bahia: o importante é poder comprar, poder ter as coisas desejadas e isso é poder, é afirmação social.

Um comentário:

Mariana Calil disse...

Eu descordo em um ponto. Fui a um ensaio de uma comédia/aventura nacional excelente. Concordo que hajam mais dramas e personagens pouco profundos, no entanto já há uma vertente que está trabalhando outro lado do cinema nacional.