terça-feira, 20 de julho de 2010

perdas do cinema latino-americano 2

Continuando relato sobre a "mesa" de debates sobre meus filmes no 5º Festival Latino Americano de SP.
A fala de Jean Claude Bernardet buscou apresentar o que ele via como essencial em minha obra, a vertente documentária que, de fato, "contamina" todos os meus filmes. Essa visão já vinha sendo elaborada desde sua análise de meu primeiro filme, "Liberdade de Imprensa", infelizmente também proibido pela ditadura ( apreendido no Congresso da Une, Ibiuna/1968) quando se preparava sua distribuição nacional a ser feita prelos estudantes: o filme só voltou a ser exibido publicamente quando restaurado pela Cinemateca, com apoio da Petrobrás em 2008, 40 anos depois...). No filme, Jean Claude aponta uma ruptura com os cânones da época: o respeito à realidade "tal e qual ela se nos apresentava, sem interferência". Pois eu pregava, -e praticava-, o inverso: a realidade como tal é um fetiche: a presença da equipe e da câmera muda a cena e era preciso aprender a fazer isso para captar o resultado dessa "intervenção" de modo mais revelador, menos passivo, mais crítico. (Posso aqui lembrar que fui bastante criticado na época por causa disso; hoje, é uma postura já incorporada pelos documentaristas).
Mas a novidade, para mim, foi a visão de Jean Claude sobre a proibição do filme "Wilsinho Galiléia" (1978)(VEJAM POSTAGEM ANTERIOR). Jean Claude ligou essa proibição à proibição de outros filmes como idéias semelhantes, de busca de uma dramatização do filme documentário, com atores: "Cabra marcado para morrer" (1964), "Iracema" e "Wilsinho" . Segundo ele é preciso refletir sobre essa perseguição a esse tipo de cinema (feroz e popular, acrescento eu).Jean Claude terminouaa dizendo que essa sequ~encia deproibições fez muito mal à história do documentário brasileiro.
NA PRÓXIMA POSTAGEM, uma continuação: a proibição de meu projeto "Os Demônios", roteiro proibido pela ditadura e, por isso, não filmado.

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