sábado, 29 de dezembro de 2012

véspera do fim de 2012

Meus amigos. Chamei e não obtive resposta. Agora já não sei onde estou, em que mundo, em que lugar, em que dimensão. Um pássaro teima em repetir Huxlei, gritando "atenção, atenção!". Não dou bola para ele, faço como a pessoa que chamei e que ficou nem aí. O pássaro começa a rir, gargalha como meu falecido pai, um riso comprido, repicado como escada ora abaixo ora acima. Rirá de mim? - devo estar ridículo com essas roupas de marinheiro, ainda mais tão longe do carnaval. E eu que não gosto de carnaval. Nem de carnaval, nem de sambinha, nem de fundo de quintal, nem de artesanato de bambu, nem de nada. Nada? - procuro no fundo do coração alguma coisa de que goste, chega a doer, o tanto que espremo o magro peito. Nada. Não pode ser! - e pé-de-moleque? e doce de abóbora, de figo, pêssegoW - e broa de milho, andar a cavalo, trepar? O pássaro recomeça seus gritos, estará drogado? Grito avisando a ele que ainda estamos em 2012, ele recomeça a rir. Mas agora não gargalha, ri um risinho idiota, entre-lábios. Olhando bem para ele vejo que é careca. Algum galo terá subido em suas costas, fazendo-o de galinha. Só pode ser. Pássaro idiota. Viro as costas, ninguém vai mesmo responder?- ainda temos dois dias.