quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

olhos de galinha

OLHOS DE GALINHA
Não se pode andar com olhos de galinha
Pelas ruas de nossas cidades
Nada de fugir, nada de buscar outros lados
Dos desencontros que vemos e que tememos
É preciso coragem para encarar, dois olhos bem abertos
Toda a rispidez com que nos respondem aos cumprimentos
Ah, pois a vida também escoa por bueiros entupidos
E pouco importa nosso passado!
Às vezes ergo os olhos, juntos, juntos, ...em busca de luz
Já que tantos absurdos se construíram feito muralhas
A impedir o sol e o entendimento
Do alto me atiro, feito pássaro enlouquecido
Faço rasantes sobre mares poluídos de promessas
E choro por tantos anos perdidos, minha juventude
Depois imagino as ruas como rios limpos
Faço parte da alegre piracema de tantos sonhos
Rio, gargalho, grito, sou palhaço dessas bobagens todas
Que ainda encantam as multidões
Há no entanto, cantos escuros dessa festa
Males que já não se escondem como antes
E que ostentam suas chagas para nosso olhar incauto
Nada de olhos de galinha! Grito a mim mesmo
E tenho sempre que rir de tanta ingenuidade ferida
Não, não se pode mesmo andar pelas ruas de meu tempo
Com olhos fugidios e díspares da galinha
Rejuvenesço nessa fúria de espanto e esperança
Já que o desespero é como o prato de mentiras
E jamais mata nossa fome
Ah cidade, pátria, escapa-me o seu sentido
Empacotado na bandeira dos desencontros!                                        

                          João Batista de Andrade 20\fev\2013

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