sábado, 6 de julho de 2013

o real e a imaginação

FB 06Jul13
Muitas vezes somos pensadores bem intencionados mas enclausurados, sem vivência diante dos problemas novos, como agora, com as passeatas. O imenso rol de informações nos levam a refletir sobre o que aprendemos, o que podemos refletir sobre as bases do saber intelectual adquirido. Aí vale tudo...O real pode estar sendo substituído por uma representação que fazemos do real: quase nenhuma chance de práxis, apesar, muitas vezes, da sofisticação de nossos pensamentos. . . Assim, nossa imaginação se torna delirante, como nos sonhos. Pode acontecer até que fiquemos magoados quando a danada da realidade escapa ao nosso saber...


Eh bom esclarecer:nos nao estamos numa revolucao... Como disse o Gabeira, placas tectonicas se mexeram, acabou a tranquilidade dos governantes. So isso e isso eh o bastante se continuarmos a agir pressionando os sistemas de representacao e os governos. Por isso acho que o melhor seria o Congresso preparar uma proposta e apresentar ao povo para referendar ou rejeitar. Penso que a pressao das ruas levarah aa necessidade de consensos ou alternativas para eventual plebiscito final.


As manifestações de rua, com todas as suas incertezas, bordas de violência, marcaram profundamente a vida política brasileira. Não falo só da perplexidade dos dirigentes, governantes, politicos em geral, que batem cabeça em busca de respostas e da saia-justa em que repentinamente se viram. Falo também da corrida de todos nós no sentido de buscar uma compreensão dessa inesperada avalanche que liquidificou conceitos e certezas. E ainda sabemos pouco. Tenho lido textos interessantes do Marco Aurélio Nogueira, da Marilena Chauí, muitos outros de orientações ideológicas distintas. Eu mesmo arrisquei, logo no início das manifestações, uma análise política, usando o termo "substituição", mostrando como a ascensão de um partido de esquerda ( então de esquerda), com viés de esquerda tradicional, praticou a absorção dos movimentos sociais para dentro do Governo/estado, esvaziando os sentidos e a independência desses movimentos. Escrevi há mais de cinco anos um artigo com essa visão, o "Deixa Comigo", onde imagino um governante que, saído dos movimentos populares, não precisa ouvir nada desses movimentos, pois sabe tudo deles e também por que levou para o governo os líderes desses movimentos. Essa "substituição" se esgota, deixa os movimentos sem lideranças, -até o momento em que a sociedade se vê aprisionada por essa lógica que não resolve, de fato, os entraves da vida social. E então, usando o melhor instrumento disponível, setores massificados da sociedade se rebelam contra essa submissão que, além de tudo é ineficaz e corrupta. Em outras eras poderia ter sido o boca-a-boca, o jornalzinho de poste, a panfletagem, etc. Hoje, a internet, que parece de fato um poder mágico mas cujo uso vai deixando um rastro de realismo, a compreensão de que ali nada mais temos do que uma nova forma de comunicação e que as idéias ali pegam quando encontram eco entre os usuários. Penso que hoje, quando o mundo da política se movimenta no sentido de sua própria preservaçao e riscos de todos os lados, o desafio é o de enriquecer a atividade política. É preciso clareza de que os movimentos de massa não são nem serão capazes de dirigir o país. Sem os partidos, o risco enorme é entregar de bandeja essa função a qualquer ideia totalitária, como a de "democracia direta", que já alimentou ditaduras de esquerda e de direita. Penso que o fundamental agora é dirigir os movimentos no sentido de garantirem uma boa reforma política e o surgimento de uma nova democracia, principalmente a partir das eleições de 2014.

02Jul13
Entre boatos, suposições, acusações difíceis tanto de provar se verdadeiras ou falsas, vamos indo para a guerra. Guerra de acusações, um exercício que nos diminui a todos, transformam-nos num povo e num país de terceira categoria, amantes da fofoca e do diz-que-me-diz. Nesse embroglio, feito bolo de rolo, vamos todos descendo ladeira abaixo, politicos, instituições, justiça, - em direção ao vale das mágoas, da impotência política, das queixas sem fim. Tudo isso antes do dono, o povo, decidir nas urnas para onde vai o país. O voto! Parodiando Ulysses Guimarães, "fofoca não é urna, denúncia não é voto".

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