domingo, 30 de março de 2014

Difícil digressão: a revolução dos intelectuais do cinema

A REVOLUÇÃO DOS INTELECTUAIS DO CINEMA

Desde minha formação como cineasta cultivo um certo distanciamento com relação ao que passou a ser conhecido como "o" Novo Cinema Latino-Americano, a partir dos anos 60, mas principalmente a partir dos anos 1970.
Eu me entreguei ao cinema ao mesmo tempo em que me entreguei também à ação política, como militante desde os anos 1962. Isso me levou a ver o cinema não como "a" ação política, mas como um meio de expressar minha inquietação diante das injustiças e das dificuldades do mundo.
A ação política transformadora deveria vir da sociedade, dos movimentos sociais.
Os filmes, mesmo sem qualquer carga doutrinária ( fugi disso com todas as forças), ajudaria a inquietar, a documentar, a denunciar.
Assim foi minha carreira, assim fui para a TV, sem qualquer ilusão ilusão de estar dirigindo uma revolução com meus filmes. Mas com a certeza de que estava ajudando, alimentando o espírito crítico da sociedade e dos próprios movimentos sociais. Era assim, com essa consciência que fiz as reportagens especiais no programa "Hora da Notícia" (TV Cultura 1972-74, com Vlado e Fernando Jordão). Assim filmei, antes, meu "Liberdade de Imprensa" (1967) e depois construí minha filmografia com muitos filmes de ficção e muitos documentários de longa, média e curtas metragens durante todo o período da ditadura militar e depois.
Mas, envolvendo os mais talentosos cineastas latino-americanos, criou-se uma aura de uma certa poesia dirigente, a visão poética e trágica de uma América Latina em transe, uma visão de gênios que construíam uma visão poética coletiva sobre nossa terra. Uma visão dirigente.
Isso envolveu e envolve cineastas que admiro profundamente.
Mas me incomoda essa aura, esse encantamento por nosotros mismos.
Um encantamento que exclui filmes menos poéticos, portanto menos "revolucionarios". E excluiu cineastas importantes, menos preocupados com essa "poética revolucionária". Como, por exemplo, entre nós, o Roberto Santos, o Person. E também bons cineastas sem preocupação política, mas que a seu modo revelavam os dramas da vida real em nossos países.
Me incomoda essa visão elitista, intelectual, que se basta a si própria. E que parece dizer que o povo latino-americano deve se organizar e realizar nossos sonhos, com o grave risco de nos vermos defendendo ditaduras impostas para que nossos sonhos se realizem.

É MUITO DIFÍCIL.
ANTES DE CRIAR QUALQUER MAL ENTENDIDO, PARO POR AQUI.
VOU RETORNAR.

30/03/14

sexta-feira, 28 de março de 2014

Ódio e desrespeito na sociedade brasileira atual


FB dia 28Março2014

Espantosa essa pesquisa em que quase metade dos homens afirma seu machismo justificando ataques às mulheres: “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas''. 
A sociedade brasileira vem cultuando essa ideia de que a vítima é a culpada. Índios, negros, gordos, moradores de rua, pobres, homossexuais, mulheres,jovens, adversários políticos.
Um péssimo e perigoso caminho.

a SOCIEDADE BRASILEIRA ESTÁ TOMADA POR UMA GRANDE IMPACIÊNCIA, HÁ UM DESCRÉDITO GERAL SOBRE OS VALORES DO "OUTRO", DE SUA CAPACIDADE DE EXISTIR, DE SEU LUGAR NO MUNDO. ESSA IMPACIÊNCIA VAI DESCAMBANDO PARA UMA INTOLERÂNCIA QUE SE JUSTIFICA A SI MESMA PELA INCAPACIDADE DE TODOS DE RESOLVEREM OS PROBLEMAS AGUDOS QUE ATINGEM A HUMANIDADE NESSE TERCEIRO MILÊNIO.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Volta ao Cinema: Carlos Gomes

FB 24Mar2014

Uma volta ao cinema?
Fui convidado para dirigir um longa e uma série sobre CARLOS GOMES.
O projeto, "Bravo!", devidamente registrado, já está em andamento, produção da Ariane Porto (Tao Produções).
Roteiro pronto, leis de incentivo aprovadas e já captando.
O projeto já foi premiado pela Ancine, no edital de desenvolvimento de projetos em co-produção com a Itália. Ariane foi para a Itália e estabeleceu muitos contatos, inclusive um co-produtor.
É coisa séria.
A história de Carlos Gomes, que os brasileiros de hoje não conhecem, é de arrepiar. Mulato, incentivado por D Pedro II foi para a Itália estudar ópera. Com seu talento, tornou-se um verdadeiro ídolo na Itália, - considerado um renovador da ópera.
O elenco também já está sendo apontado, excelentes nomes.
E muitos parceiros de reconhecido talento.
Enfim, o cinema me chama para 2015.

terça-feira, 11 de março de 2014

Gravação Memória da Globo

FB em 11Mar14

Três horas ontem gravando depoimento para o projeto de memória da Globo, entrevistado por duas jornalistas. Uma revisão de minha vida e carreira como cineasta. E, claro, uma revisão mais detalhada sobre meu trabalho ali, como criador do Setor de Reportagens Especiais da Globo-Sp (1974), levado pelo meu imenso amigo Fernando Pacheco Jordão. Fiquei ali até 1978. Premiado em Gramado com "Doramundo" (melhor filme, melhor diretor\1978) resolvi voltar ao cinema de longametragem e me demiti. Continuei com a Globo realizando filmes como produtor independente ainda por uns 4 anos. Destaque no depoimento para dois filmes emblemáticos do Globo Repórter: CASO NORTE (1977 considerado pela crítica e a própria Globo como o Melhor programa jornalístico do ano) e WILSINHO GALILÉIA (1978, longa que passaria dividido em dois programas do G.Repórter mas que foi proibido pela ditadura, isso mesmo, o próprio Palácio do Planalto!  - o filme só foi exibido publicamente 24 anos depois na Mostra de meus filmes no CCBB-SP em 2002, surpreendendo a própria crítica  que passou a considerá-lo um dos melhores documentários do cinema brasileiro)

segunda-feira, 3 de março de 2014

Cont Racismo

Facebook 03Mar14

  • João Batista de Andrade Para mim basta. Tudo está bem claro. Falar de Joaquim Barbosa é entrar numa tremenda dividida. É assim que estamos. Uma divisão à flor da pele, vivemos cercados de inimigos. Quem diria, Brasil!
  • Tuna Espinheira É SURREALISMO, ALÉM DA CONTA, CONSIDERAR CORRUPTOS COMO HEROIS... SÃO OS TETÁCULOS DO BOLIVARISMO TACANHO...
  • Bira Huffel Uma certa parte dos brasileiros não acredita nesta justiça viciada q sempre julgou e puniu o lado mais fraco...não venham me dizer q o Dirceu, Delubio e Jenuíno não pertencem ao proletariado..é isso q está gerando controvérsias e expectativa ...será q aqueles q pertencem ao clube, q passam nas festas, nas reuniões no Club Social, serão julgados, punidos e massacrados pela mídia com o mesmo rigor?
  • Bira Huffel Isso q nós q somos acusados de Bolivarianos combatemos...os pobres desse país precisam q alguém faça alguma coisa por eles...
  • Rubens Kignel absurda essa nossa cultura social desse jeito!
  • Ines H Deandrade Arlindo, não misture racismo com convicções políticas.
  • João Baptista Pimentel Neto Xará...primeiro devo lhe lembrar aquele famoso ditado....quem procura acha, né...segundo, e sobre as "boas maneiras" do referido cidadão, nada a declarar...pergunto...terceiro, o que acho mais estranho (pero no mucho) é a posição da Oiá...digo, Veja, não achas também...finalmente, não dá (pelo menos não para mim) para taxar como racismo toda e qualquer critica feita ao circunstancial presidente da Corte, até porque, cá entre nós de bobo ele nada tem...abraços fraternos
  • João Batista de Andrade Há sim uma cegueira, xará. Transformar a vítima ( seja lá quem for e o que tiver feito) em culpado é a moda brasileira: como o estuprador quando diz que a estuprada o "provocava". Populares lincham o rapaz, ele "provocava" essa ira, era ladrão. Assim por diante. Tanta teoria, gente que se declara anti-racista mas justifica o racismo! - no fundo transferem para suas análises suas ojerizas à vítima, incapazes de condenar, de fato, o racismo praticado. Voltam-se com seu ódio não para o criminoso, mas para a vítima! Crime é crime, não importa o que teria feito a vítima!!!!!!!!!!!!!!!!- não se pode conciliar com o crime!- ainda mais o racismo!!! Sinceramente estou chocado com a facilidade com que tantos amigos se entregam a esse perigoso ódio que os cegam.
    há 14 horas · Curtir · 1
  • João Baptista Pimentel Neto Pois é Xará, sabes perfeitamente que não pertenço a este grupo...aliás, concordo em grande parte com suas ponderações. Agora, que cá entre nós, a falta de educação, de postura e petulância do Ministro, me desculpe, mas tornou-se pública e notória. Assisti praticamente toda a sessão de julgamento dos tais embargos infringentes, e a atuação daquele que deveria serenamente presidir a mais alta Corte do país foi lamentável (quase inacreditável). Alguém precisa urgentemente informá-lo de que discordar faz parte da Democracia...
  • João Batista de Andrade Não é esse o problema, Xará. O problema aqui colocado é o odioso gesto de racismo, SEJA LÁ CONTRA QUEM FOR.
    há 14 horas · Curtir · 1
  • Vanya Sant'Anna João, partilho de sua indignação quanto às manifestações racista às quais tenho absoluta intolerância atinja a quem atinjir. Agora, o personagem em pauta é extremamente arrogante, grosseiro, impaciente, desrespeitoso para com seus pares. Principalmente...Ver mais
  • Nic Nilson cara... é cruel saber q um STF foi comprado... e foi... nao tem essa de ficar em cima do muro... mas fazer o q estao fazendo com o senhor Joaquim Barbosa... ta certo q ele nao era nennhum salvador da patria... nem é ele o nome p salvar o Brasil... mas a gentalha q faz isso com ele, faz com qqer um...
  • Luciano Santiago Lima De alguém que TEM muito a acrescentar nessa discussão:http://www.brasil247.com/.../Leonardo-Boff-Barbosa-n%C3...
    www.brasil247.com
    Pensador diz que, da estátua que representa a Justiça, Joaquim Barbosa ficou sem...Ver mais

    • João Batista de Andrade Estão quase todos interessados em julgar o JB, mas eu iniciei essa discussão condenando o racismo nesse julgamento. No caso um ódio temperado com o pior racismo explícito, a frase sobre a imagem do menino JB. Ninguém jamais me viu badalando o JB, tal como não me viu tb denegrindo os petistas julgados. Eu fiquei indignado pela legitimação da forma odiosa e racista de criticar o JB. Não me parece que a maioria esteve preocupada com isso. Por isso repeti minha visão de que não se pode conciliar com o ódio e o racismo, não interessa contra quem e que pecados cometeu (ou não). Eu esperava, de todos, uma condenação clara contra o perigo da conjugação ódio-racismo como arma política. Isso não veio. Pode ser que eu esteja errado, mas não é o que eu acho. Acho que estou certo, mesmo que me sinta isolado. Esse perigo vai ditando os contornos das disputas políticas no Brasil.